Já virou moda vídeos e séries no Youtube de pessoas falando sobre a quarentena, isolados, câmera ligada em close. E aí grita com um, grita com outro. O formato parecia esgotado. Tanto que nem me empolguei ao receber os links para assistir a série nacional “Carenteners”, da Warner Channel.
Bom, a série me mostrou que estava completamente equivocado. Não só o formato ainda rende, e rendeu nas mãos dos produtores Aline Diniz e Érico Borgo, da Huuro Entrentenimento, como transformou “Carenteners” é uma das séries nacionais mais deliciosas dos últimos anos.
Com diálogos afiados, graças ao roteirista Felipe Castilho, montagem ágil e uma carismática – e competente – dupla de atores formada por Ana Tardivo (Cecília) e Mateus Sousa (Marcos), “Carenteners” tem tudo para se transformar em um novo sucesso no país.
A trama começa com os dois se conhecendo – e a criatividade da montagem de fazer isso com o tempo de isolamento social é louvável. Mas quando a coisa começa a engatar, chega a pandemia. Então os dois tentam se manter em algum tipo de relação – Marcos já acha que é namoro, mas Cecília ainda não – à distância, com vídeos chamadas e artifícios de todo tipo.
A atuação dos atores é tão natural, que às vezes a gente esquece que é uma série e parece que é uma vídeo chamada com os amigos. Favorecido também por uma edição caprichada, com diversos recursos visuais ajudando a dar vida a uma conversa.
A agilidade também se deve ao modo em que foi filmado. Varia entre telas de celular – e eles andando normalmente pela casa – até pelo computador e mensagens de whatsapp, não deixando a série chegar perto da monotonia.
O único problema é que os 5 minutos de cada episódio passam rápido. Serão ao todo 10 episódios exibidos pela Warner Channel, com estreia nesta terça-feira, 30. A série vai ao ar sempre às terças e quintas, 21h40, logo após “Big Bang Theory”. Logo depois, estará disponível no canal da Warner no Youtube.
Desafios por todos os lados
Produzir na pandemia, com todas as restrições necessárias para evitar o covid-19, é difícil. Aline Diniz e Érico Borgo, os criadores da série, não imaginavam que conseguiriam executar isso antes mesmo de concretizar a produtora Huuro Entretenimento, da qual são sócios. E que ainda já estaria no ar tão rapidamente. Aline destaca que entre a ideia que teve com Borgo e as conversas com a Turner, dona da Warner Channel, foi apenas uma semana. “Foi tudo muito rápido”, disse Diniz.
Juntou a vontade de produzir da Huuro e o desejo por conteúdo da Turner que o final foi feliz, inclusive para nós, telespectadores que poderemos assistir à série. “A gente procurava conteúdo que fosse inserido no “novo normal” e que tivesse cara de entretenimento. Nossa grande meta é entreter.”, explicou a diretora de conteúdo da Turner, Silvia Fu.
Borgo destacou que não conhece os atores e diversas outras pessoas da produção pessoalmente.”Foi uma loucura porque fizemos tudo por video chamada. O projeto foi um desafio principalmente para os atores”, afirmou.
E que desafio: iluminação, locação ideal em suas casa, maquiagem, figurino. Praticamente tudo foi feito pelos próprios atores, uma vez que o isolamento não permitia o trabalho de uma equipe de filmagem.
“Em uma gravação tradicional, nosso foco é atuar. Nesse, tivemos que focar no personagem, no figurino, iluminação e cenário. É um trabalho que exige, mas que tá sendo muito interessante. A gente acaba aprendendo, e valorizando, as outras funções”, afirmou Mateus.
Já Ana teve que ainda se adaptar aos aparatos tecnológicos, pois é avessa de ficar fazendo inúmeros stories e nunca havia nem usado um tripé. “A produção me mandava umas coisas que eu nunca tinha mexido, como um tripé. Então foi um aprendizado, pois tive que colocar a luz no lugar certo, por exemplo”, lembrou a atriz.
Que a série continua mesmo após a vida voltar ao normal e finalmente possamos ver Cecília e Marcos juntos.
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