Mais conhecida pelo grande público por ter interpretado Dorothy, em “O Mágico de Oz”, Judy Garland foi uma estrela no seu tempo, tendo iniciado sua carreira ainda criança, até encerrá-la nos palcos musicais de Londres, já como cantora. Essa fase final de sua vida é o fio condutor de “Judy – Muito Além do Arco-íris”, que chega aos cinemas.
O longa funciona apenas por conta da interpretação de Renée Zellweger, que já venceu o Globo de Ouro pelo filme e concorre ao Oscar, sendo amplamente favorita para levar a estatueta. A atriz se entrega em sua performance e inclusive canta as músicas do longa. Toda a fragilidade da atriz/cantora é incorporada nos gestos e diálogos de Renée.
O roteiro, escrito por Tom Edge e baseado no musical da Broadway “Judy – O Fim do Arco-íris”, peca por não nos mostrar mais do que o sofrimento de Judy. Ele alterna entre a infância dura e nada glamourosa de uma estrela, em que ela não podia comer nada e tomava remédios para se manter acordada, tudo a mando de Louis B. Mayer, dono da Metro-Goldwin-Mayer. E o fim da vida, em que, sem dinheiro e esnobada nos Estados Unidos, se muda para Londres para fazer um show musical.
A questão é que o filme não responde a muitos porquês: por que a filha Liza Minely nunca a ajudou – pelo menos é o que mostra o filme, que a irritou? Por que ela perdeu todo o dinheiro? O filme se concentra em mostrar o sofrimento infantil e já adulta, tornando Judy uma personagem sem tanta dimensão. Surge até um casamento, mas que acaba de forma abrupta e mal trabalhada no longa.
“Judy – Muito Além do Arco-íris” perdeu a chance de apresentar outras faces de Judy Garland, o que prejudica muito sua execução.