Quentin Tarantino é um dos maiores cineastas da história do cinema. Dono de filmes excelentes como “Cães de Aluguel” (1992) e “Pulp Fiction” (1994), ele é conhecido por fazer homenagens a grandes filmes do passado, dando seu toque particular a alguns momentos históricos, como em “Bastardos Inglórios”. Em “Era Uma Vez em… Hollywood” ele exagera na homenagem ao cinema e faz um filme com roteiro irregular, em que pese as brilhantes atuações de Leonardo diCaprio e Brad Pitt e a ótima direção de Tarantino.
A trama se passa em 1969, época de declínio do grande astro da televisão Rick Dalton (DiCaprio), o que acaba culminando com o declínio de seu dublê Cliff Booth (Brad Pitt), que passa a ser o ‘faz tudo’ de Dalton.
Enquanto isso, a Hollywood da época vive o momento paz e amor com Sharon Tate (Margot Robbie) encantadora atriz que passa os dias fazendo compras, indo ao cinema e dançando. Mas também começa a sofrer com a ameaça dos assassinos batizados de família Manson.
“Era Uma vez em… Hollywood” se divide acompanhando a vida destes três personagens, sendo que Dalton e Booth são os mais profundos – o primeiro sofre em ser um ator que agora faz vilões, enquanto que o segundo se sente desprestigiado por não conseguir ser mais dublê de Dalton. Já Tate é apenas encantadora (e que encanto!).
Com o filme se passando em Hollywood, Tarantino abusa de referências a filmes de western – me arrisco a dizer que há mais cenas de Dalton em filmes dentro do filme do que na própria projeção do título principal. Para quem assistiu aos grandes clássicos – e reconhece os maneirismos de grandes atores personificados brilhantemente por DiCaprio -, o filme ganha uma dimensão maior. Mas há outros personagens retratados no longa – basicamente apenas Dalton e Booth são fictícios – pouco conhecidos no Brasil.
Mas há um certo exagero que parece que faz o filme não ir pra frente e transforma o longa, de 2h40min, em algo monótono, com cenas de personagens andando com seus carros nas ruas – e uma trilha sonora bacanérrima como é praxe dos filmes de Tarantino – que nada acrescentam a arrastada trama – em que pese o final sensacional à lá Tarantino.
Na questão de Sharon Tate, é importante que o espectador tenha ciência do que aconteceu com ela: em 1969, a jovem foi assassinada pela família Manson quando estava grávida do seu primeiro filho com o diretor Roman Polanski. Esse crime chocou os Estados Unidos para sempre e até o Brasil na época, mas, por motivos óbvios, pelos lados de cá, esse fato não ficou tão marcado.
Portanto, “Era Uma Vez em… Hollywood” mostra que Tarantino já está se repetindo ao se fazer tantas referências ao cinema para homenageá-lo. Dessa vez, sem o brilhantismo de roteirista que já teve outrora. No entanto, sua veia de diretor continua pulsante.
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