Os africanos usam a Manteiga de Karité há séculos como um ritual de beleza. Há alguns anos, a Comunidade de Gana contou com a ajuda de Madame Fati para mudar a realidade de mais de 600 mulheres.
A administradora da comunidade Madame Fati esteve em Salvador para o lançamento da coleção de linha de Karité da The Body Shop, empresa parceira que compra a manteiga delas pagando um preço justo pelo produto.
Além disso, os rendimentos obtidos ajudam na construção de encanamentos, abertura de poços de água, além de promover maior acesso à saúde, educação e construção de casas com melhores condições, impactando mais de 49 mil pessoas todo ano.
Conversamos com Madame Fati sobre essa relação e as mudanças em áreas pobres de Gana. Confira abaixo:
Como começou essa parceria?
Anita (Roddick, fundadora da The Body Shop) nos conheceu e se interessou pelas propriedades da manteiga de Karité. A gente produzia e não tinha como vender. Com a chegada dela, veio uma transformação muito grande, pois a The Body Shop compra a manteiga por um excelente preço. Além de pagar um valor justo, ela dá mais para ser investido na comunidade para a criação de escolas e clínicas. Sinto uma alegria de trabalhar com a The Body Shop, pois contribuimos mudando a história de várias pessoas que estavam na pobreza. Também cresci em um ambiente pobre. Fui mandada para longe de meus pais, então tudo foi muito difícil pra mim. Saber que eu contribuo para ajudar outras mulheres toca meu coração.
E como essa mudança alterou o dia a dia da comunidade?
As mulheres não tinham com quem deixar os filhos, pois não tinham escolas. Elas passavam o dia cuidando das crianças. Agora, as crianças estudam e elas podem ir para as fazendas de onde tiram os seus sustentos, sem precisar depender dos homens. Também melhorou a educação das pessoas, já que a maioria não passa por uma boa educação. Não sabem ler, se informar. A educação é muito importante e as meninas nos veem como exemplo. Fui professora durante 20 anos e pude ver o impacto dessa mudança.
Como os homens reagiram a essas mudanças?
Eles foram resistentes, não ficaram felizes. Eles chegavam perto da gente quando conversávamos com as mulheres das aldeias. Eles queriam entender o que estávamos fazendo. Explicamos para eles que o mundo estava mudando, então a gente precisava mudar nossas atitudes para acompanhar essas mudanças.
O que chamou a sua atenção em Salvador?
Gostei muito do povo daqui. Senti um calor humano impressionante.
Ricardo Gomes de Melo
20 de maio de 2019 at 22:00
Eita que é bom demais! A gente mal pesquisa e já acha a informação, ainda mais vindo daqui, eu leio até o final sem piscar!!!